Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago sobem forte nesta manhã de segunda-feira (11) diante de novas notícias do presidente americano Donald Trump sobre as relações dos Estados Unidos com a China. Em sua rede social, a Truth Social, o presidente americano disse esperar que a nação asiática quadruplique suas compras de soja nos EUA, isso um dia antes do fim da trégua comercial entre as duas maiores economias do mundo.
“A China está preocupada com a escassez de soja. Espero que a China quadruplique rapidamente seus pedidos de soja. Esta também é uma forma de reduzir substancialmente o déficit comercial da China com os EUA”, postou o chefe de estado norte-americano. Na mesma postagem, sem explicar, Trump agradeceu ao presidente chinês Xi Jinping.
Logo depois da publicação de Donald Trump, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago chegaram a subir quase 3%. Por volta de 7h15 (horário de Brasília) desta segunda, os preços subiam mais de 2% – ou de 22,50 a 23,25 pontos – nos principais contratos, com o setembro valendo US$ 9,91 e o novembro, referência para a safra americana, sendo cotada a US$ 10,10 por bushel.
Analistas internacionais têm destacado o momento em que o presidente americano faz esta postagem, considerando não só a véspera do fim da trégua comercial – que se dá nesta terça-feira (12) -, mas também a chegada da nova oferta norte-americana, uma vez que a colheita da safra 2025/26 dos EUA será iniciada nas próximas semanas.
Ainda assim, os especialistas lembram ainda que, apesar da recente declaração, os países ainda não afirmaram que chegaram a um efeitvo acordo quando o assunto são os produtos agrícolas. Além disso, lembram também que na guerra comercial entre as duas nações ocorrida no primeiro governo Trump, a China não cumpriu o acordado na fase um quando o assunto era o volume de produtos agrícolas que teria que comprar dos Estados Unidos.
Ainda assim, a reação do mercado da soja foi imediata. Os preços têm encarado suas mínimas em meses na CBOT e um momento onde a falta de novidades e os fundamentos têm pesado sobre as cotações, em especial com uma boa safra se desenvolvendo no país, ao mesmo tempo em que a demanda chinesa permanece ausente.
Na última semana, a China comprou quase 30 barcos de soja do Brasil, além de ter comprado também alguns cargos de farelo de soja da Argentina. No entanto, “o movimento de comprar farelo de soja argentino é uma medida temporária. Se as conversas entre China e EUA ocorrerem bem, este não deverá ser um padrão de longo prazo”, disse o chefe de análises da consultoria Shanghai JC Intelligence Co, Haver Li, em entrevista à agência internacional de notícias Bloomberg.
O mercado também se prepara para receber, nesta terça-feira (12), o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Até aqui, as expectativas vinham sendo de um aumento na estimativa para a safra de soja dos EUA e de redução nas exportações da safra 2025/26.
Royal Rural: Trump pede que China quadruplicar compras de soja dos EUA — resposta cética e impacto técnico
Por Ronaldo Fernandes
Na noite de segunda-feira, 11 de agosto de 2025, Donald Trump usou sua plataforma no Truth Social para lançar um apelo direto: ele espera que a China “rápido quadruplicará” suas compras de soja dos Estados Unidos, argumentando que isso ajudaria a reduzir o déficit comercial entre os dois países.
O mercado reagiu imediatamente — os futuros de soja em Chicago ganharam cerca de +2,2%, fechando em torno de US$ 10,10/bushel . Mas o entusiasmo foi contido: especialistas lembram que a China já importa cerca de 105 milhões de toneladas por ano, sendo apenas um quarto dessas dos EUA. Quadruplicar esse volume significaria depender quase totalmente do mercado americano — algo considerado altamente improvável .
Na visão do mercado, o chamado de Trump é mais uma declaração política do que uma estratégia com base em lógica comercial. A China segue ampliando seu leque de fornecedores — com destaque para o Brasil — e qualquer mudança abrupta exigiria ajustes logísticos e contratuais gigantescos.
Essa movimentação coloca em evidência o cenário de incerteza: enquanto há margem para otimismo técnico, as bases estruturais permanecem frágeis — o que sustenta o humor cauteloso de operadores e investidores.