Levantamento mais recente da DATAGRO Grãos indica que, apesar de desempenho inferior ao de 2024/25, a lucratividade bruta da soja brasileira em 2025/26 tende a permanecer majoritariamente positiva. O resultado reflete a combinação entre custos de produção, produtividade e receita esperada, que sustentam margens brutas relativamente favoráveis para os produtores.
Inicialmente, observa-se notável elevação dos custos – em especial no Mato Grosso, Paraná e Goiás – após dois anos consecutivos de retração. Além do aumento nos gastos com insumos (sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas), a variação cambial encareceu as compras externas, pressionando os resultados.
No campo da produtividade, as estimativas apontam para bons rendimentos, apoiados no uso regular de tecnologia e em condições climáticas relativamente estáveis, mesmo diante da possibilidade de um La Niña fraco. Destaca-se a recuperação da produtividade média no Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, áreas duramente afetadas por escassez de chuvas em 2024/25. Nos demais estados, a expectativa é de ligeira queda, mas ainda em níveis superiores à média histórica – o que permite alguma diluição dos elevados custos por hectare.
Por fim, do lado da receita, a DATAGRO estima que os preços da oleaginosa permaneçam pressionados em 2025/26, em patamar inferior a este ano, limitando os resultados brutos dos produtores. O recuo reflete a perspectiva de safras cheias nos EUA e no Brasil, levando o mercado global a registrar seu quarto superávit consecutivo.
Consequentemente, projeta-se, ainda em caráter inicial, lucratividade bruta de 46% no oeste do Paraná (x 47% em 2024/25), 17% no sul do Mato Grosso (x 29% em 2024/25) e 25% no sudoeste de Goiás (x 46% em 2024/25). Recuperações são previstas no norte do Rio Grande do Sul (25% em 2025/26 x -7% em 2024/25) e no sul do Mato Grosso do Sul (21% em 2025/26 x 13% em 2024/25).