A redução de tarifas sobre produtos agrícolas anunciada pelo governo dos Estados Unidos foi recebida como um “fôlego imediato” pelos exportadores do Ceará — desde que o Brasil seja, de fato, incluído entre os países beneficiados. A medida, assinada pelo presidente americano Donald Trump, inclui itens como café, carne bovina, manga, banana, coco, castanha e açaí.
No decreto, Trump afirma que a decisão ocorreu “após considerar informações técnicas, a evolução das negociações com parceiros comerciais, a demanda interna atual e a capacidade de produção americana”. No entanto, o documento não esclarece se a redução tarifária se aplica apenas aos 10% estabelecidos em abril ou se alcança também a sobretaxa adicional de 40% imposta em agosto. Tampouco define critérios de diferenciação entre países.
Para o CEO da JM Negócios Internacionais, Augusto Fernandes, a sinalização dos Estados Unidos reabre caminho para duas das maiores cadeias de exportação brasileiras: café e carne bovina.
“São indústrias gigantes, que movimentam bilhões nos EUA. O clima era de sepultamento. Agora muda tudo”, afirma.
Fernandes explica que a medida deve provocar uma corrida por contratos e janelas logísticas, especialmente entre empresas que já possuem produto pronto para exportar.
Impactos diretos para o Ceará
A possível inclusão das frutas tropicais na lista de beneficiadas tem peso estratégico para o Estado. Cerca de 95% da manga exportada pelo Ceará tem como destino os Estados Unidos, enquanto a indústria do coco local vinha operando sob risco de paralisação por conta das tarifas elevadas.
“A manga é crucial para o Ceará. E o coco evita férias coletivas em fábricas que empregam mais de mil pessoas. Para o estado, isso salva”, avalia o especialista.
Além de manga e coco, também aparecem na lista produtos como mamão, banana, laranja, abacaxi e açaí, ampliando o alcance da decisão para a fruticultura nordestina.
Alívio parcial
Apesar da sinalização positiva, Fernandes pondera que itens relevantes para o Estado — como pescado, mel e calçados — ficaram fora dessa rodada de reduções, o que limita o impacto econômico amplo no curto prazo.
“É um grande fôlego, mas ainda não muda o quadro geral. Se pescado, mel e calçados entrarem, aí sim o cenário se transforma”, conclui.
O setor exportador agora aguarda detalhes técnicos do governo americano para mensurar os reais efeitos da decisão sobre contratos, custos e planejamento logístico.