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A semana vai terminando com certa calma para o mercado global de soja, porém, não sem notícias fortes. De acordo com a agência internacional de notícias Reuters, a China teria comprado ao menos 10 navios de soja norte-americana desde a última terça-feira (25). Embora ainda distante dos 12 milhões de toneladas anunciada pelo governo dos EUA de que os chineses comprariam nesta conclusão de 2025, o volume “impressiona” pelo produto estar bem mais caro do que o brasileiro neste momento.
“A China continua comprando soja nos EUA. Já chegou a 67 barcos, 35% do programa. As compras não fazem sentido do ponto de vista econômico – são compras políticas. O prejuízo dessa soja para Crush é enorme, o que faz o mercado pensar – tanto faz o valor, as estatais irão comprar de qualquer jeito”, afirma o analista do complexo soja, Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, e sênior agriculture strategist da Marex.
O gráfico abaixo mostra o movimento de compras de soja da China em suas principais origens, como início em junho.

No entanto, como 2025 tem se mostrado o ano das distorções no mercado da soja e 2026 já se antecipa como a era da “soja política”, como explica o , com uma influência muito forte dos cenários que vão além dos fundamentos sobre os preços não só da soja, mas das commodities de uma forma geral.
Vanin afirma ainda que essas mudanças não se dão apenas pelas relações China x Estados Unidos, que entraram em uma nova guerra tarifária desde que Donald Trump tomou posse para seu segundo mandato como presidente, mas também pelos quadros políticos que se desenvolvem em outras partes do mundo. No caso da soja, os movimentos que se desenvolvem na América do Sul, onde está quase um terço da produção mundial da oleaginosa, têm ainda mais importância.
O mercado da soja tem sido direcionado por mudanças políticas desde fevereiro desse ano, quando a Argentina mexeu nas retenciones.
O analista acredita que este quadro ainda deverá durar um tempo considerável influenciando as cotações. O mercado, afinal, já conhece as projeções de oferta, a força da demanda e monitora o clima com atenção. Todavia, se depara com uma China ainda bem abastecida, com bons estoques de soja brasileira que foram sendo expressivamente adquiridos ao longo dos últimos meses, ao mesmo tempo em que a nação asiática vive um momento de margens ruins, em especial no pressionado mercado do farelo neste momento.
Para o produtor brasileiro, o momento ainda é de certa estabilidade quando o assunto são os preços. Ao menos por enquanto. O movimento recente de alta que trouxe a soja para acima dos US$ 11,00 por bushel na Bolsa de Chicago foi positivo e mais forte do que a queda dos prêmios que, por aqui, seria inevitável. Nesta relação, o chamado “flat price” da soja, considerando Chicago e prêmios, tem se mantido pouco alterado.
O movimento mais contido acaba, porém, deixando também mais contida a comercialização. Os negócios com a safra 2025/26 melhoraram nas últimas semanas, porém, como o termômetro do interesse de venda do produtor – que neste momento que possui uma nova safra em desenvolvimento com problemas de clima que preocupam em algumas regiões – não é só este, ele segue com menos apetite para fazer vendas maiores.
A safra 2025/26 do Brasil vem registrando pontos fortes de preocupação depois de uma largada expressiva e de bom ritmo do plantio. A irregularidade das chuvas – que chegam em excesso e com granizo a algumas regiões, enquanto faltam em outras – já reduz o teto do potencial produtivo da soja, mas ainda sem clareza.
Os relatos de necessidade de replantio são muitos até aqui, já que deixam os produtores ainda mais expostos em um ambiente de custos tão elevados como foram os desta temporada, além de crédito escasso e encarecido.
As contas têm sido mais difíceis de fechar, exigindo dos sojicultores do Brasil uma gestão ainda mais sofisticada, detalhada e eficiente. E precisará combinar fundamentos, política, custos de produção e um 2026 político também no Brasil.