Depois de uma semana de intensa comercialização, o Brasil dá início a uma nova sem o mesmo ímpeto mesmo diante de cotações melhores. Segundo o que explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, a pressão de venda está mais contida neste momento, o que ajuda, inclusive, na manutenção dos prêmios, apesar dos ganhos observados entre os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago.
Nesta segunda-feira (10), as cotações concluíram o pregão na CBOT subindo entre 26,50 e 27,25 pontos nos principais vencimentos, levando o agosto a US$ 14,55 e o novembro – referência para a safra dos Estados Unidos – a US$ 13,44 por bushel.
Apesar do avanço de perto de 2% na CBOT, “os prêmios não mudaram quase nada. Os compradores até tentaram promover alguma baixa, mas os produtores não estão forçando muita venda. A movimentação está mais lenta”, disse. Nem mesmo referências mais altas nos portos ajudaram a estimular novas vendas. No porto de Rio Grande – onde ainda se observam as melhores referências – os preços chegaram a testar até R$ 153,00, no terreno dos melhores indicativos desde a colheita no país.
Os portos brasileiros têm visto preços base porto oscilando entre R$ 149,00 e R$ 153,00 por saca, e Rio Grande continua pagando melhor. “Isso porque a safra gaúcha foi bem menor, h´á mais espaço e os vendedores estão menos agressivos”, explica o consultor. Também por isso e pelos bons preços, o Brasil vendeu mais de 2,5 milhões de toneladas de soja na semana passada.
A maior parte deste volume e, de fato, dos novos negócios que estão ocorrendo se dão com soja 2022/23. A comercialização da safra 2023/24 está bastante contida e isso pode acarretar problemas para o produtor brasileiro. “Ele está carregando muito produto para vender lá na frente e pode se complicar”, explica Brandalizze, ressaltando, principalmente, a limitada infraestrutura logística do país.
O segundo semestre deste ano já pode trazer preocupações e dilema para os produtores, além de uma disputa acirrada por espaço nos portos quando soja e milho estarão lá para serem embarcados. O consultor afirma ainda que, principalmente depois de agosto, as condições podem ficar ainda mais apertadas, promovendo uma nova pressão sobre os prêmios e não só da oleaginosa, como também do cereal.
“Hoje, os prêmios do milho estão entre 30 e 60 centavos de dólar acima de Chicago, praticamente de agosto a dezembro, mas podem cair e vir até mesmo para o negativo com essa falta de espaço nos portos. Então, o produtor tem que ficar atento”, afirma Vlamir Brandalizze.
Para que ganhos novos e expressivos o bastante viessem a ser reportados, ainda segundo o consultor, seria necessário o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trazer um piora nas condições das lavouras americanas em seu reporte semanal de acompanhamento de safras que será divulgado no final da tarde desta segunda. No entanto, as condições climáticas no Corn Belt têm melhorado, as chuvas têm se mostrado melhores e já têm promovido uma melhora no quadro, embora a safra 2023/24 permaneça fragilizada.
Mais do que isso, os especialistas esperam também que o USDA revise os números da produção de soja do país – incluindo os estoques – não só pelas adversidades de clima, mas pelo reporte de diminuição de área trazido pelo USDA no final do último mês. “Nos nossos cálculos, a safra deveria ser reduzida entre 5 e 7 milhões de toneladas”, diz o consultor.
BOLSA DE CHICAGO
Parte das fortes altas registradas pela soja em grão nesta segunda-feira em Chicago vieram acompanhando o óleo, que encerrou o dia com ganhos superiores a 4%. No decorrer do dia, o derivado chegou a subir mais de 5%. O vencimento agosto foi a 65,33 cents de dólar por libra-peso, enquanto o setembro ficou com 62,71 cents/lp.
O movimento acompanhou o do do óleo de palma, que passaram de 2% nas bolsas internacionais neste início de semana, refletindo, como explica a Agrinvest Commodities, “um forte aumento nas exportações para o período de 1 a 10 de julho”. O total produzido de óleo de palma caiu 4,6% e foi a 1,45 milhão de toneladas no mês passado.
Mais do que isso, os estoques no final do mês passado registraram um incremento de 1,9% para 1,72 milhões de toneladas, ficando aquém das expectativas do mercado. O quadro refletiu um aumento expressivo das exportações.
“O aumento da demanda pode ser explicado pelo desconto que o óleo de palma opera frente aos óleos concorrentes, e um suporte aos preços do óleo de palma no mercado internacional pode se traduzir em suporte aos prêmios aqui no Brasil, que estão diretamente ligados ao preço dos óleos concorrentes, mas principalmente ao óleo de palma”, explica a Agrinvest.
Além do apoio no óleo, os ganhos expressivos vêm em um movimento de recuperação depois das últimas baixas e de uma semana de bastante volatilidade para todos os mercados na CBOT. Todavia, acabam limitados pelas previsões indicando clima melhor no Corn Belt para os próximos dias.
“Lembramos que as chuvas daqui para frente não podem falhar, sob pena de uma grande redução de produtividade no milho, devido a fase de polinização e também pelo inicio de floração da Soja que já se inicia em algumas regiões”, afirma o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
No último final de semana, “as chuvas ficaram foram abaixo do normal nas áreas centrais e norte do Corn Belt. Entretanto, beneficiaram a área central de Illinois, Sul de Indiana e parte de Ohio. Felizmente, as temperaturas podemos assim dizer, foram muito tranquilas e abaixo do normal para essa época do ano”, complementa o executivo.
Os traders esperam, portanto, pelo novo reporte semanal de acompanhamento de safras que traz as condições das lavouras norte-americanos, a ser divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira, às 17h. Além disso, atenções voltadas ainda para o novo boletim mensal de oferta e demanda que a instituição traz na quarta, dia 12 de julho.
“São esperados ajustes na produtividade e estoques, principalmente. O preço da soja no mercado cash americano, sugere baixos estoque”, afirma o diretor da Labhoro. “A fala que permeia o mercado é de que o Crop Progress (boletim semanal de acompanhamento de safras do USDA) de hoje indicará uma melhora de cerca de 2% nas condições de lavouras dos EUA, resultado das chuvas que ocorreram ao longo da última semana”, acrescenta.