A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, deram início nesta quinta-feira (25) a estudo de estratégias para tornar o feijão paranaense também um produto de exportação. O Paraná é o principal produtor nacional, com previsão de 946 mil toneladas este ano.
A produção atende basicamente o mercado interno, mas pesquisas demonstram que está havendo redução no consumo, que hoje está em cerca de 14 quilos por pessoa por ano, com tendência a queda. Segundo o presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, que propôs a reunião, em outras commodities a produção responde à demanda nacional e internacional.
“No feijão a parte comercial ainda é antiga, nós produzimos e depois saímos para comercializar”, disse. “Precisamos uma estratégia adequada de comercialização e até de exportação para ter uma cultura mais planejada no campo”. Segundo ele, as cooperativas estão altamente interessadas em ampliar a produção, mas precisam estabelecer estratégia semelhante às da soja e do milho. “É um produto que está todo dia na mesa e precisamos ampliar o mercado”.
O secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, ponderou que o desequilíbrio que se observa entre demanda e oferta tem provocado oscilações nos preços pagos aos produtores. Ele destacou realizadas principalmente pelo Instituto de Desenvolvimento Rural – Iapar-Emater (IDR-Paraná), para desenvolver um produto que seja adequado para o mercado internacional.
Segundo ele, já foi possível construir materiais resistentes a pragas e doenças e com ciclos produtivos mais curtos, baixando de 90 para 68 dias ou até menos. Também houve avanço em tecnologia, com desenvolvimento de plantas de porte mais ereto que ajuda na colheita mecanizada, e na logística, melhorando a secagem e armazenagem. “O desafio é encontrar tipos de produto que estimulem nossa capacidade de abastecer o mercado internacional”, provocou Ortigara. “Por isso é muito relevante esta iniciativa de debater esse assunto até para calibrar a investigação científica no feijão e em alternativas de pulses”.
Uma das propostas colocadas pelo secretário para ajudar na tomada de decisão pelo produtor é ter zoneamento de risco climático cada vez mais focado em microambientes, com vistas a maior assertividade na produção e na segurança. “O feijão e os pulses são mais uma oportunidade de estar presente no mundo, mas precisamos estudar e nos adaptar ao consumo para não incorrer em desastre por não ter firmeza de demanda”, ponderou.
A diretora de Pesquisa do IDR-Paraná, Vânia Moda Cirino, salientou que o instituto já desenvolveu cerca de 40 cultivares de feijão, a última delas a IPR-Cardeal, que tem grãos vermelhos que mantêm a coloração mesmo depois de cozidos. É uma cultivar estudada de acordo com o perfil do mercado internacional, pois alguns países vendem o produto pré-cozido em vidros, garantindo a boa apresentação. “Temos estruturado uma cadeia de feijões voltados para a exportação e as cooperativas são importantes nesse processo”, convocou.
O chefe do Departamento de Economia Rural (Deral), Marcelo Garrido, apresentou as estimativas da safra de feijão paranaense. As três safras devem entregar 946 mil toneladas do produto este ano, com produtividade de 1.800 quilos por hectare. Com isso, o Paraná será responsável por 29% da produção nacional.
Mesmo superior às 682 toneladas do ciclo anterior, a produção paranaense ainda será inferior à estimativa inicial dos produtores em meados do ano passado, quando planejaram o plantio. De acordo com Garrido, as condições climáticas e a pressão forte de doenças não permitiram atingir o potencial, e também houve prejuízo para a qualidade do feijão, principalmente na região Sudoeste do Estado. “Mesmo assim o Paraná terá boa disponibilidade de feijão a partir de maio”, afirmou.
O 1.º Fórum do Feijão contou ainda com a presença de integrantes do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe).