O segundo semestre de 2023 contou com instabilidades climáticas constantes no território brasileiro. Fortes chuvas na região Sul, ondas de calor superando 40 graus em diversos estados brasileiros; todas as situações sob influência do fenômeno El Niño. Os impactos dessas variações no clima atingiram diretamente o agronegócio no país.
Para 2024, o cenário climático continuará a ditar as regras de como o setor se desenvolverá ao longo do novo ano. No entanto, a tendência para a próxima safra é de crescimento, em comparação com a safra do ano passado. Segundo dados do time de inteligência e consultoria da Biond Agro, a expectativa de colheita para a soja é acima de 156,7 milhões de toneladas, marca alcançada pelo país em 2022. “Para 2024 prevemos um crescimento de aproximadamente três milhões de toneladas, o número reflete as complexidades na execução da cultura, visto que desenvolvimento na infraestrutura do Brasil cresce a um ritmo bem menor do que a produtividade da indústria”, ressalta o coordenador de inteligência e consultoria da Biond Agro, Felipe Jordy.
Já no caso do milho, a situação é mais complexa de prever. A principal safra de referência na cultura do grão refere-se ao milho safrinha que é plantado logo depois da colheita da soja, contudo, as expectativas também sugerem que a safra poderá sofrer por conta do clima em sua janela produtiva, causando recortes na sua estimativa.
Seca no Centro-Oeste e recomposição de estoque no mundo
O clima segue sendo o principal vilão do agro brasileiro. Especialmente no Centro-Oeste, o índice de seca persiste piorando e registrando valores maiores que o histórico. No Mato Grosso, por exemplo, as regiões de Sinop, Sorriso, Alto Araguaia e Campo Novo do Parecis seguem alocados em seca severa ou extrema.
Para um bom plantio, é necessário um solo úmido e boas chuvas na primeira fase de desenvolvimento da planta. Contudo, não estão acontecendo registros regulares de chuva em todo o país. É necessário estabilidade climática e chuvas regulares para que a planta possa recuperar parte do potencial. “Seria ideal que com a chegada da colheita, o bom clima acompanhasse as lavouras nas fazendas, desenvolvendo normalmente as plantações e assim as mercadorias possam ser escoadas sem grandes dificuldades para os portos”, afirma Jordy.
Já o cenário mundial para 2024 é de recomposição dos estoques de produtos. É possível prever boas recuperações na oferta da região da Argentina, saindo de uma colheita de 25 milhões de toneladas, para uma produção mais normal, de cerca de 50 milhões de toneladas de soja, tendo o milho a mesma situação. “Tudo isso acontecendo em um cenário em que a demanda pelos produtos parece retornar a uma curva de crescimento normal, principalmente se olharmos o comportamento da China. Nesse contexto, o cenário de preços deveria ter um sustento nos níveis atuais e veríamos os atores da cadeia se focando principalmente na colheita e execução”, finaliza Jordy.