Os preços da soja começaram o dia em queda na Bolsa de Chicago na sessão desta segunda-feira (13), mas terminaram o dia com o sinal inverso, do lado positivo da tabela. Os futuros do grão foram na carona de ganhos de quase 2% do óleo na CBOT, porém, limitados pelas baixas do óleo. A nova disparada do trigo, de mais de 3%, dando sequência aos ganhos da última sexta-feira (10), também contribuíram.
“A alta do trigo está atrelada ao relatório do USDA da última sexta-feira, cortando a produção e exportação de trigo da Rússia e aumentando o ritmo da exportação dos EUA”, afirma o time da Agrinvest Commodities. “O ritmo de vendas de exportação de trigo dos EUA para 2024/25 está forte, já que a queda na produção de trigo russo fez os preços FOB aumentarem por lá, levando a demanda para outras origens mais caras”.
Inclusive, com a chegada dos primeiros números indicados para a safra 2024/25, o USDA estima safras menores do grão para Rússia e Ucrânia em relação à safra 2023/24, além de exportações também menores de ambos os países.
Assim, ainda de acordo com a Agrinvest, as cotações testam seus mais elevados patamares desde agosto de 2023. “As preocupações em torno da seca na Rússia e, agora, em relação às geadas tardias, associadas ao quadro de baixa umidade para o trigo de inverno no Kansas, corroboram para a firmeza nos preços”, complementa a analista de mercado Giulia Zenidin, da Agrinvest Commodities.
O consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, afirma que “se o trigo realmente consolidar patamares acima dos US$ 7,00, US$ 7,50, ele vai dar argumento positivo também para a soja. E então a soja, dificilmente, vai baixar para os US$ 11,00, como havia indicativos. Esse apoio do trigo é muito importante frente à possibilidade de queda que possa vir na sequência da soja”, diz.
Além do monitoramento ao mercado do trigo, os players também se atentam ao comportamento do clima nos EUA e, paralelamente, do plantio nos Estados Unidos. A atualização chega às 17h (horário de Brasília), com o percentual de área já semeada para os grãos, o que também – neste momento – impacta de forma direta sobre as cotações, em especial na CBOT.
“Na hora em que o plantio ganhar ritmo e a condição estiver normal por lá, essa vai ser um fator negativo. Não está faltando soja, e o relatório do USDA mostrou isso, mesmo com as perdas que temos tido”, complementa o consultor.
Os ganhos variaram entre 0,25 e 5,75 pontos nos contratos mais negociados, com o julho valendo US$ 12,19 e o agosto com US$ 12,22 por bushel. Já no trigo, o mercado concluiu a semana com altas de mais de 20 pontos nos principais vencimentos, e assim o julho foi a US$ 6,86 e o setembro a US$ 7,06.
MERCADO BRASILEIRO
Para o consultor da Brandalizze Consulting, o momento continua sendo propício para o produtor garantir algumas médias, avançando cadenciadamente com os negócios, uma vez que, a colheita do milho logo ganha mais tração, se intensifica e o grão irá disputar espaço nos portos com a oleaginosa.
Além disso, ele explica ainda que o movimento altista dos prêmios já começou a perder força, incluindo as primeiras posições do ano que vem. “Isso é sinal de que o mercado sabe que vai ter dificuldades para embarcar o milho que tem programado e a soja que está disponível, e há muita soja para negociar. E o mercado sabe disso. Então, o comprador não teme que o mercado vá disparar, porque tem soja e tem o problema dos portos. Então, esse é o gargalo dos produtores”, afirma.
Assim, com as cotações ainda em patamares melhores do que os observados há alguns meses, a semana começa com alguns negócios sendo efetivados no mercado brasileiro. No mercado de balcão, as mudanças foram tímidas e os preços variam de R$ 118,00 a R$ 122,00, a depender da localidade, no sul do país. Nos portos, poucas mudanças em relação ao fechamento da semana passada, com preços acima dos R$ 130,00 e a melhor posição sendo o agosto com R$ 140,00.
“Hoje, o ritmo dos negócios parece estar um pouco menor. Na semana passada houve umas três milhões de toneladas negociadas na semana toda, hoje pela manhã se comentava em algo entre 200 mil e 300 mil toneladas negociadas. Então, não é um grande volume para maio, que, geralmente, é um mês em que negociamos mais de 30 milhões de toneladas por mês, o que daria quase 1 milhão de toneladas por dia. Hoje, provavelmente, é a metade do que seria um dia normal de maio”, afiram Brandalizze.