O ano passado apresentou consistente crescimento das exportações de peixes de cultivo. Em volume, o salto foi de 102%, chegando a 13.792 toneladas. Em valor (US$ 59 milhões), foram 138% a mais. Os dados foram consolidados por Manoel Xavier Pedroza Filho e Hainnan Souza Rocha, da Embrapa Pesca e Aquicultura.
Foto: Albari Rosa
O aumento das exportações de tilápia para os Estados Unidos – especialmente filés frescos e peixes inteiros congelados – é o principal impulsionador da comercialização dos peixes de cultivo no exterior. Somente os filés frescos representaram US$ 36,6 milhões em receita. Os peixes inteiros congelados representaram US$ 17,5 milhões. Juntas, essas duas categorias somaram 91,7% do valor total do ano. Para os pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura, indiscutivelmente a queda dos preços da tilápia ao produtor no Brasil foi determinante para o aumento das exportações. Entre o 4º trimestre de 2023 e o 4º trimestre de 2024, a redução foi de 19%.
Inversamente, os preços do filé fresco de tilápia exportados aumentaram 12,75% no ano – saindo de US$ 6,82/kg para US$ 7,69/kg. Essa categoria movimentou US$ 36,36 milhões, com crescimento de 159% em relação ao ano anterior. Os Estados Unidos foram o maior comprador de peixes de cultivo do Brasil, com US$ 52,2 milhões (89% do total). Longe, em segundo lugar, ficou o Peru, seguido por China, Canadá e Japão.
Em 2020, o Brasil era o oitavo maior fornecedor de tilápia para os EUA. No ano passado, assumiu a quarta posição. Nesse período, as vendas brasileiras para os Estados Unidos cresceram 718%. Especificamente em relação a filé fresco de tilápia, nosso país se tornou o segundo do ranking, somente atrás da Colômbia. Com o fim da obrigatoriedade da emissão do Certificado Sanitário Internacional, definida no final de 2024, a tendência é o Brasil tornar-se o maior exportação de filé fresco para os Estados Unidos.
Foto: Jonathan Campos
Como já dito, a tilápia representou 94% das exportações da piscicultura brasileira em 2024. O crescimento foi de 138% em receita e de 92% em volume. Curimatás ficaram em segundo lugar e pacu em terceiro. Maior produtor de tilápia, o Paraná também liderou as exporta-ções, em 2024, com 64% do total (US$ 35,7 milhões), seguido por São Paulo (12%) e Mato Grosso do Sul (3%).
Mesmo com o grande salto em percentual, as exportações brasileiras de peixes ainda têm muito o que evoluir para posicionar nosso país no ranking mundial dos maiores fornecedores dessa proteína. Enquanto as indústrias seguem buscando oportunidades, qualificando-se para comercializar no exterior e firmandoacordos, a balança comercial é negativa. Em 2024, o déficit foi de US$ 992 milhões – aumento de 8,5% em relação ao ano anterior (US$ 914 milhões).
O salmão permanece na liderança entre os peixes importados. Foram US$ 909 milhões em 2024 – contra US$ 837,8 milhões no ano anterior. O pangasius vem em segundo lugar, com US$ 137 milhões, e a truta em seguida, com US$ 195 milhões.