As projeções atualizadas indicam que o mercado de Feijão-carioca enfrentará um período de forte concentração de colheita e oferta entre os meses de julho e setembro. Nesse intervalo, aproximadamente 91,3% da terceira safra será colhida, o que representa mais de 600 mil toneladas. Esse volume, somado aos remanescentes da segunda safra, deve elevar os estoques a patamares próximos aos observados no mesmo período do ano passado.
Apesar de perdas pontuais ainda não quantificadas — causadas principalmente pela Mosca Branca, além de áreas menores ainda não captadas em algumas regiões —, é importante lembrar que nem todo Feijão-cores é Feijão-carioca. Ainda assim, mesmo com essas perdas, os estoques devem permanecer elevados até pelo menos outubro, mantendo o mercado sob pressão.
Cenário externo: custo de produção pressionado
Enquanto a oferta interna se concentra, os custos de produção seguem em alta. A escalada do conflito no Oriente Médio já traz reflexos diretos sobre:
os preços dos fertilizantes, impactados pela instabilidade nas cadeias globais de fornecimento;
o valor dos combustíveis, especialmente o diesel, pressionando o custo logístico e operacional;
os fretes internacionais, afetando toda a cadeia de importação e exportação de insumos.
Além disso, a valorização cambial — com o real mais forte — contribui para o aumento dos custos de insumos importados, mesmo sem reajustes em dólar.
Paralelamente, o avanço da guerra pode provocar desarticulação nas cadeias produtivas de diversos países, o que abre espaço para a valorização de quem tiver alimentos em mãos. Embora isso possa representar oportunidades para quem produz com regularidade e segurança, também impõe desafios relevantes para aqueles que dependem de insumos e mercados externos.
Um segundo semestre de alta exigência
Diante deste cenário, o momento exige que os produtores de Feijão revisem seu planejamento praticamente toda semana. A volatilidade nos preços de insumos e combustíveis cria um ambiente de incerteza que dificulta a definição de estratégias — ainda mais considerando que o Feijão permite múltiplos ciclos anuais e exige respostas rápidas a variações de custo e de mercado.
O mesmo raciocínio se aplica aos empacotadores, que também devem estar atentos a uma possível volatilidade maior e se preparar para diferentes cenários de abastecimento e preço.
Recomendações estratégicas:
Monitorar semanalmente o custo por hectare;
Avaliar com rigor o fluxo de caixa e a capacidade de armazenagem;
Adotar uma estratégia de venda escalonada, evitando concentração no pico da colheita.
Resumo: O segundo semestre será um verdadeiro teste de gestão técnica, financeira e emocional para quem vive do Feijão. Em um ambiente instável, a leitura correta do mercado será tão vital quanto a colheita em si. Venha para o Clube Premier e saiba das informações estratégias e recomendações de quem vive o Feijão a mais de 30 anos.