Média de temperatura acima dos níveis pré-industriais acende alerta climático para governos e empresas

O ano de 2024 trouxe um marco climático alarmante de que, pela primeira vez, as temperaturas médias globais superaram 1,5°C acima dos níveis pré-industriais por 12 meses consecutivos. Na avaliação da Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, esse fenômeno não significa automaticamente que a meta do Acordo de Paris foi descumprida, mas representa um alerta importante para governos, empresas e, principalmente para a COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima -, que acontece em novembro de 2025, no Brasil, em função do impacto da aceleração das mudanças climáticas sobre as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.

Foto: Jose Fernando

De acordo com um estudo de Alex Cannon, publicado na Nature Climate Change (Fev/2025), esse período de aquecimento excepcional sugere que o limite do Acordo de Paris pode ter sido ultrapassado antes do esperado. O estudo, realizado no âmbito do Programa para Diagnóstico e Intercomparação de Modelos Climáticos (PCMDI), mostra que, em cenários de altas emissões, sequências tão prolongadas de calor extremo ocorrem geralmente após o limite de longo prazo de 1,5°C já ter sido atingido. Mesmo em cenários com reduções rigorosas de emissões, existe uma probabilidade considerável de que o mundo já tenha ultrapassado esse limiar.

Também outro estudo veiculado na Nature Climate Change (Fev/2025), e conduzido por Emanuele Bevacqua, indica que o ano de 2024 pode marcar o início do período de 20 anos em que o aquecimento médio global atingirá 1,5°C. O Acordo de Paris define suas metas com base em médias de 20 anos, considerando tanto a variabilidade natural quanto as mudanças climáticas induzidas pelo homem.

“Se essa tendência se mantiver, o fato de 2024 ter superado 1,5°C indica que já estamos vivendo o início do período crítico para o cumprimento das metas climáticas”, alerta Pedro Regoto, gerente técnico da Climatempo e especialista em Clima, ao ressaltar que o cenário que marcará a realização da COP30 pode ser ainda mais severo, e exigir uma reavaliação tanto das metas quanto dos caminhos para se conter as emissões de gases de efeito estufa.

Eventos extremos afetam pessoas e negócios

O aumento das temperaturas médias globais está diretamente relacionado à intensificação de eventos climáticos extremos em diversas regiões do mundo. O calor recorde de 2024 foi acompanhado por ondas de calor intensas, incêndios florestais devastadores, secas severas e chuvas extremas, afetando milhões de pessoas e impactando negócios. Áreas como o sul da Europa, o oeste dos Estados Unidos, a Austrália e partes da América do Sul registraram incêndios sem precedentes, enquanto regiões da Ásia e da África enfrentaram inundações catastróficas.

O impacto desses eventos vai além dos danos imediatos. O estresse hídrico, a perda de colheitas e a destruição de infraestruturas essenciais aumentam a vulnerabilidade das populações, especialmente em países em desenvolvimento.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Trata-se de um cenário que afeta a vida humana e animal, bem como a economia e as atividades dos diversos setores. Obriga as empresas a reverem seus planejamentos, não apenas de curto prazo, por conta de ajustes na produção, vendas e campanhas publicitárias, mas também de longo prazo. Isto implica na reavaliação dos locais em que as operações estão instaladas, na adaptação da infraestrutura e na necessidade de se implantarem medidas de resiliência climática. “As empresas e também os governos estão cada vez mais preocupados em se preparar e se prevenir em relação a esses fenômenos. Os estudos destacam a necessidade urgente de ações de mitigação rigorosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e desacelerar o ritmo do aquecimento global”, observa Pedro Regoto. “O ano de 2024 não é um sinal de derrota, mas um chamado à ação para acelerar políticas de adaptação e mitigação, visando proteger o futuro do planeta e das próximas gerações”, complementa.

Além disso, o aquecimento dos oceanos está contribuindo para o branqueamento de corais e a intensificação de ciclones tropicais, com consequências devastadoras para ecossistemas marinhos e comunidades costeiras. “Embora um único ano acima de 1,5°C não determine o fracasso do Acordo de Paris, ele serve como um forte alerta. O risco é que o planeta esteja caminhando rapidamente para um ponto de não retorno, onde os impactos das mudanças climáticas se tornarão mais severos e difíceis de reverter”, afirma Regoto.

Foto: Divulgação/Embrapa Soja

Por meio de ferramentas tecnológicas especializadas, que incluem o SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo), o apoio dos radares meteorológicos e a análise aprofundada das informações do clima que é realizada pelos seus meteorologistas, a Climatempo vem atendendo as demandas tanto do setor público, auxiliando órgãos da Defesa Civil na tomada de medidas necessárias para minimizar o risco de condições climáticas extremas à população, quanto o setor privado, incluindo para empresas de energia, de mídia, companhias aéreas e de infraestrutura, entre outras. “Os serviços de monitoramento do clima se transformaram em uma ferramenta fundamental na estratégia de resiliência climática de empresas de todos os setores e de governos, que necessitam de informações futuras mais precisas e em tempo para lidar com situações extremas”, afirma o gerente técnico da Climatempo.

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