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A quarta-feira (29) foi de cautela e atenção no mercado brasileiro da soja. O mercado de portos, segundo explicou Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, esteve mais parado, com Chicago trazendo um dia estabilidade para os futuros da oleaginosa, os prêmios mais pressionados depois do rally dos últimos dias e da baixa do dólar frente ao real. O pregão terminou com os principais vencimentos da commodity perdendo pouco mais de dois pontos na CBOT, levando o janeiro a US$ 10,93 e o maio a US$ 11,15 por bushel.
Com isso, os preços nos portos estiveram muito próximos da estabilidade nesta quarta, com referências R$ 1,00 mais altas ou mais baixas frente aos últimos dias, sem estimular, portanto, novos negócios. Por outro lado, no mercado de balcão, os preços testaram preçs melhores. “São os mais altos níveis de preços em meses”, afirma Brandalizze. Na região das Missões, o indicativo ficou na casa dos R$ 124,00 e de Rio Grande, R$ 129,00 por saca. No interior de Minas Gerais, R$ 116,00, e na região de Ponta Grossa, R$ 130,00.
Os players do mercado estão ainda muito cautelosos diante das últimas informações. Foi confirmada a compra de 180 mil toneladas de soja pela China, pela estatal COFCO, nos Estados Unidos e, embora o volume seja tímido, é um sinal importante de que um acordo entre as duas maiores economias do mundo possa estar mais próximo neste momento.
Os dois chefes de estado – Donald Trump e Xi Jinping – se encontram na quinta-feira (30), em uma cúpula na Coreia do Sul, e há a possibilidade de que anunciem um novo acordo entre os países, o qual poderia, inclusive, trazer mais especificações para a soja. Até lá, segue a cautela misturada com o otimismo, como tem sido observado desde o começo da semana.
Além disso, como explicam os analistas da Agrinvest Commodities, a soja mais barata do Brasil depois do rally em Chicago também acaba trazendo alguma pressão às cotações. “Os basis nos EUA não estão fazendo seu trabalho de chamar mais demanda. A soja americana ficou bem mais cara, reduzindo toda a diferença em relação ao Brasil, considerando a soja da safra velha”, afirmam. “O mercado vai ficar no aguardo do acordo e de seus detalhes, caso aconteça”.
A soja dos anúncios reportados nesta quarta teria sido comprada nos portos do Pacífico (PNW) e, como explica Eduardo Vanin, analista do complexo soja e diretor da Agrinvest Commodities, não garante boas margens aos chineses, já que não tem a mesma qualidade e teor de proteína do que a brasileira.
Em um mês, o flat price da soja brasileira subiu cerca de US$ 6,00 por tonelada – em função das altas de Chicago, enquanto a americana registrou um ganho de US$ 30,00 a US$ 35,00/t, tanto no Golfo, quanto no PNW. “Então, o Brasil barato vai continuar vendendo e tirando uma parte dessa demanda que falta para a China concluir sua cobertura o dezembro e janeiro, perto de 7,5 milhões de toneladas. Não é altista este cenário (para Chicago)”, detalha Vanin.