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Tarifaço global impulsiona exportações brasileiras e desafia equilíbrio do comércio internacional, aponta Logcomex

A guerra tarifária entre Estados Unidos e China teve uma reviravolta na última segunda-feira (12), com o anúncio de uma trégua provisória que prevê a redução temporária das tarifas entre as duas maiores economias do mundo. O entendimento, válido por 90 dias, marca uma pausa estratégica em um embate que vinha se intensificando desde abril. Como parte do acordo, os EUA concordaram em reduzir as alíquotas de 145% para 30%, enquanto a China baixou suas tarifas de 125% para 10%.

Nesse cenário de instabilidade e realinhamento comercial — agora suavizado por um alívio temporário —, o Brasil continua sendo apontado como um dos países com maior potencial de ganho. É o que revela um relatório exclusivo da Logcomex. Com base em dados proprietários sobre variações de valor FOB, movimentação de NCMs e fluxos de exportação, o estudo mostra que o país pode conquistar espaços antes ocupados por concorrentes mais impactados por medidas protecionistas, mesmo com a atual redução tarifária.

“O Brasil, ao ser enquadrado na alíquota basal de 10%, manteve uma vantagem relativa frente a concorrentes como China, Japão e União Europeia, que vinham enfrentando tarifas significativamente mais altas”, avalia Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia. “Mesmo com a trégua, é importante observar que essas barreiras comerciais romperam com a lógica da cláusula da ‘nação mais favorecida’, um dos pilares da Organização Mundial do Comércio.”

Ferraz também explica que, apesar da redução temporária das tarifas, a China continuará buscando novos mercados para redirecionar parte de sua produção — movimento que pode representar tanto uma oportunidade quanto um risco para o Brasil. “O setor siderúrgico, têxtil e de calçados podem ser pressionados pela concorrência chinesa caso o país asiático aumente sua presença no Brasil com produtos desvalorizados”, ressalta Ferraz.

Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, acredita que com inteligência de mercado e tecnologia, como IA preditiva e dashboards em tempo real, é possível identificar oportunidades estratégicas para milhares de empresas brasileiras. ” O Brasil, que sempre teve papel relevante como exportador de commodities, agora ganha novo protagonismo na disputa por mercados americano e asiático. Estamos observando uma realocação das rotas comerciais, e quem tiver acesso a dados, previsibilidade e capacidade de resposta, sairá na frente”, destaca Hofstatter.
 

Neste aspecto, somente no primeiro trimestre de 2025, mais de 3.800 empresas brasileiras exportaram para os EUA, com destaque para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O crescimento de 228% nas exportações de ferro e aço, entre janeiro e março, chama atenção: mesmo com uma queda de 23% no preço médio por quilo, o setor movimentou US$ 1,7 bilhão em valor FOB entre janeiro e março. No mesmo período, os óleos brutos de petróleo totalizaram US$ 1,08 bilhão; produtos semimanufaturados de ferro ou aço, US$ 835 milhões; e o café em grão não torrado, US$ 569 milhões.

Já as exportações brasileiras para a China somaram US$ 19,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025 — uma queda de 13,4% em relação ao mesmo período de 2024. Os principais produtos exportados no período foram soja, com US$ 6,7 bilhões (-4%); óleos brutos de petróleo, com US$ 4 bilhões (-25%); minérios de ferro, com US$ 3,9 bilhões (-25%); carnes bovinas congeladas, com US$ 1,3 bilhão (+11%); e pastas químicas de madeira, com US$ 1,1 bilhão (+36%). As regiões Sudeste e Centro-Oeste, lideradas por Minas Gerais e Mato Grosso, foram as principais responsáveis pelo volume exportado à China.

O relatório da Logcomex também avalia que setores como soja, milho, carnes e madeira devem registrar alta nas exportações ao longo de 2025, impulsionados pela reorganização dos fluxos globais provocada pela guerra tarifária — mesmo com a trégua em vigor. No entanto, Hofstatter alerta que os gargalos estruturais ainda limitam o desempenho do Brasil no comércio exterior — especialmente nos terminais de grãos, onde a infraestrutura de escoamento não acompanha o ritmo da demanda. Para sustentar o crescimento das exportações, a capacidade logística do país precisa evoluir com urgência.

“O Brasil está diante de uma oportunidade rara — mas sem ação coordenada, essa vantagem pode escapar tão rapidamente quanto surgiu. Nosso protagonismo depende não só da estratégia comercial, mas da eficiência logística e da agilidade de resposta — fatores essenciais para consolidar nossa posição nesse novo cenário global,” finaliza o executivo.

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