SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de suco de laranja do Brasil, maior exportador global, recuaram 4,4% no primeiro trimestre da safra 2025/26, para 189,2 mil toneladas (congelado e concentrado a 66º Brix), com o ritmo sendo ditado por uma colheita atrasada, afirmou a associação de exportadores CitrusBR nesta sexta-feira.
Até meados de agosto, apenas 25% da safra atual havia sido colhida, um ritmo mais lento do que o verificado na safra anterior, quando a colheita na principal região produtora do país estava em torno de 50%.
O clima mais frio em comparação com outros anos atrasou a maturação dos frutos e retardou o início da colheita, disse a CitrusBR, citando dados do Fundecitrus.
“Além disso, o mercado está mais exigente quanto à qualidade, o que implica frutas com maturação correta — e isso afeta o ritmo de colheita e processamento”, afirmou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, em nota.
Segundo ele, esse cenário influencia diretamente o ritmo de produção de suco e, consequentemente, as exportações neste início de safra.
Em receita, os envios somaram US$713,6 milhões de julho a setembro, recuo de 17,6% na mesma base comparativa, reflexo da expectativa de recuperação na safra brasileira em 2025/26.
Os Estados Unidos, que isentaram o suco de laranja das tarifas mais altas, foram o principal mercado para as exportações da commodity, com importações de 92,7 mil toneladas, versus 67,3 mil toneladas no mesmo período da safra passada.
A Europa, que tradicionalmente lidera o ranking na importação do suco brasileiro, reduziu em 22,8% as compras, totalizando 88,9 mil toneladas no primeiro trimestre da safra 2025/26.
“A demanda continua sendo a principal preocupação na Europa”, notou Netto, após ter participado em outubro do Juice Summit, principal evento do setor, na Bélgica.
“O sentimento geral era de que os altos preços da safra passada, associados a problemas de qualidade decorrentes do clima, afetaram as escolhas dos consumidores, que migraram para outros produtos”, comentou ele. “Temos que reconquistar parte dos nossos consumidores.”
A China adquiriu 3,4 mil toneladas, o equivalente a 1,8% das exportações, e o Japão respondeu por 1,6 mil toneladas (0,9%) dos embarques.
(Por Roberto Samora)